Aldo Araújo Garcia

09/11/2021
Aldo Araújo Garcia
Aldo Araújo Garcia

DEPOIMENTO

Conheci o Aldo quando ele tinha 19 anos era um garoto ainda, muito tímido e cheio de sonhos, namoramos por um curto período e nos reencontramos dois anos depois, quando ele já estava trabalhando no TJPA.

Nessa ocasião ele já estava diferente e orgulhoso por fazer parte do quadro de Oficiais de Justiça do TJPA.

Daí para frente não nos largamos nunca mais. Casamo-nos, tivemos um filho, que agora tem 21 anos, e enfrentamos a vida juntos.

O Aldo se tornou um marido e um pai surpreendente, sempre vaidoso pela família que nós construímos. Amigo de todas as horas, um freio na minha insensatez e um verdadeiro incentivador para as minhas conquistas.


Aldo e família
Aldo e família

O triste é que o Aldo tinha muito cuidado com a gente para que não nos infectássemos com o Corona Vírus, medo por mim e por nosso filho... Acabou que ele foi a vítima.

O Vírus foi implacável com o Aldo. Ele teve o primeiro sintoma no dia 08 de abril, nada assustador, mas dia 16, ele começou a piorar... Sendo internado no dia 17. No dia seguinte a equipe conversou com ele e comigo sobre a necessidade de intubação, nesse momento vimos que o caso era grave.

Tivemos uma longa conversa, que eu nunca pensei que seria a última, e eu fui incisiva em afirmar para o Aldo que tudo ficaria bem e que ele sairia com a plaquinha EU VENCI O COVID, mas não ficou, ele não saiu com a plaquinha tão desejada... O quadro clínico só piorou e aquela foi nossa última conversa mesmo, momento em que o Aldo falou do amor dele por mim e nosso filho, pelos irmãos e pela minha família.

Os dias se passaram e no dia 04 de maio a equipe médica, que sempre me olhava confiante, estava com um olhar diferente... Cercando-me de cuidados. O médico vendo o meu desespero me pediu calma e disse "converse com o Aldo, fale no ouvido dele tudo que você quiser e tudo que você sabe que ele precisa ouvir".

Olhei para o médico cheia de medo antes de fazer a pergunta "o senhor está mandando eu me despedir do meu marido?". Ele respondeu com piedade no olhar "é uma possibilidade".

E assim tivemos nossa última conversa que, mesmo sendo unilateral, procurei mostrar para Aldo o quanto fomos felizes juntos, o quanto ele foi um bom filho, irmão, amigo, genro, cunhado, neto, marido, parceiro do dia a dia e pai. Essa conversa durou em torno de duas horas, voltei para casa despedaçada, temendo receber naquele dia a pior notícia da minha vida.

Duas horas depois, a pior notícia veio.... O Aldo faleceu nesse dia uma hora e vinte minutos após a nossa última conversa.

Nossa casa NÃO é e NUNCA mais será a mesma, o meu amor foi para nunca mais voltar... NUNCA MAIS.


O apartamento que por algumas vezes achávamos pequeno, hoje é imenso, as refeições nunca mais tiveram o mesmo sentido, hoje é apenas uma refeição. Nosso lar que tinha três membros, hoje apenas dois.... Eu e o nosso filho, que foi o melhor presente que o Aldo me deixou, além das boas lembranças.

Lutamos agora para mantermos o nosso lar, acreditando que foi o plano de Deus que já estava escrito e que não nos cabe questionar e sim acatar.

A dor hoje é menor, mas já foi impiedosa, teve dias que eu chorei até cansar. Nós exercitamos a arte de continuar vivendo com alegria, num exercício diário. Meu filho já me disse diversas vezes "só lhe peço viva e não morra, não aguento mais uma perda".

Rogo a Deus que Ele receba o Aldo em seus braços e hoje só me resta agradecer a Ele pelos anos vividos ao lado do Aldo.

Agradeço a nossa família e amigos, pois ajudaram a fazer da vida do Aldo uma jornada mais alegre, pelos momentos que passaram ao lado dele. E, ainda na hora da dor foram incansáveis em compartilhar a nossa tristeza.

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